Um operário para a Presidência
O então pré-candidato à presidência, Zé Maria, iniciou sua fala
explicando a aparente contradição entre não acreditar nessas eleições
marcadas e ao mesmo tempo participar dela. "Sabemos que as eleições nada
mudam, pois são controladas pelas grandes empresas e multinacionais que
financiam as candidaturas como a de Dilma, Aécio e Eduardo Campos",
afirmou, relatando que os meios de comunicação, a fim de atender os
interesses das grandes empresas, privilegiam esses mesmos candidatos.
"Antes mesmo de 5 de outubro, já está definido quem pode e quem não pode
ganhar a eleição", denuncia.
Apesar disso, Zé Maria ressaltou a importância de se disputar a
consciência da classe, sobretudo a dos setores mais explorados. "Estamos
vendo uma importante onda de greves e lutas, e as nossas reivindicações
não vão vir por candidaturas e alternativas como o PSDB ou esse
governo", disse. "Cada voto que conseguirmos arrancar do PT, do PSDB ou
do PSB será um passo para o fortalecimento de um projeto e uma
alternativa socialista" defendeu Zé. As candidaturas Zé Maria e Cláudia
Durans pretendem ser, assim, a expressão das Jornadas de Junho e as
greves e lutas que tomaram o país no último período.
Zé Maria relatou um pouco do momento da formação do PT, do qual foi
um dos fundadores. "Naquele momento, os operários se perguntavam porque
lutavam todos os dias contra os patrões e nas eleições votavam neles e
aí se questionaram: 'Por que nós, que produzimos as riquezas não
governamos e acabamos com a mamata das grandes empresas, bancos e
multinacionais?'". O PT, no entanto, se desviou desse caminho e, uma vez
no governo, atendeu aos interesses dos mesmos de sempre.
O pré-candidato do PSTU se lembrou de uma entrevista de Lula em que o
ex-presidente dizia que não daria para ganhar as eleições sendo "como o
PSTU", ou seja, mantendo a independência de classe, sem receber
dinheiro das grandes empresas. "Nós somos mais ambiciosos que Lula, que
trocou tudo o que ele significava por um cargo de presidente da
República; nós não queremos isso, queremos muito mais, nós queremos
mudar o país, mudar o mundo", disse, sendo muito aplaudido.
Cláudia Durans: mulher, negra e socialista
Para a candidatura à vice-presidência o PSTU apresentou o nome da
professora e assistente social Cláudia Durans. Mulher, negra e
nordestina, Cláudia traz a centralidade da luta contra as opressões na
campanha do partido. "Somos o partido que busca trazer a síntese da luta
histórica da classe operária, mas também dos negros, mulheres e
homossexuais", discursou, ressaltando que "a luta contra a exploração
não está dissociada da luta contra o racismo, o machismo e a homofobia".
"Nosso partido sabe que o proletariado tem cor, sexo e orientação
sexual", disse. Cláudia lembrou um dos temas que deve nortear a sua
campanha: a brutal violência policial que vitima milhares de jovens e
negros nas periferias. "Os números de jovens assassinatos são superiores
ao de mortos de um país em guerra civil", denunciou. Ela lembrou ainda
que, quanta maior a tensão social, mais os conflitos raciais aparecem.
A esquerda tem uma opção de luta
A votação dos candidatos do partido foi dirigida pelo operário da
construção civil e vereador de Belém (PA), Cleber Rabelo, e por Vera
Lúcia, também operária e presidente do PSTU em Sergipe. Os nomes de Zé
Maria e Cláudia Durans foram aclamados pelos presentes, que votaram por
unanimidade pela indicação dessa alternativa socialista para as próximas
eleições.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, marcou
presença no ato de lançamento para apoiar o nome de Zé Maria. Altino
falou da importância da luta pelos transportes, estopim para as Jornadas
de Junho que abriram uma nova situação política em nosso país.
“Não tem contradição nenhuma entre os trabalhadores dos transportes e
os usuários porque, para se ter transporte de qualidade tem que ser
estatal”, afirmou. “Agora, não pode ser estatal e estar nas mãos do
PSDB, porque aí vai servir para beneficiar as multinacionais como a
Alstom ou a Bombardier”, explicou.
Altino criticou os bilhões gastos com estádios para a Copa, enquanto
os hospitais e escolas estão caindo aos pedaços e os transportes
precarizados e entregues às grandes concessionárias privadas. “Tivemos
agora a abertura da Copa, eu queria ver era um grande show de
inauguração de um hospital público, com música, artista, para dizer
‘aqui tem hospital para o povo’, disse.
Ao final, Altino chamou ao palco a delegação de metroviários, muito
deles demitidos a mando do governador Geraldo Alckmin, que foi recebida
pelo plenário com gritos de “metroviário é meu amigo, mexeu com ele,
mexeu comigo”.
Logo após a convenção e o ato de lançamento das candidaturas do PSTU
teve início o seminário de programa do partido, que discutirá o projeto
de país a ser defendido nessas eleições.
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