Luciane Araújo
O final de
semana, considerado um período de descanso e divertimento, foi, para muitas
mulheres alagoanas, marcado pela violência doméstica (http://glo.bo/1q2DiWe).
Foram registradas, na capital e no interior, diversas denúncias de agressões
físicas e verbais, além de ameaças.
Em Alagoas, esse triste quadro é
absolutamente naturalizado pelos nossos governantes. Entra governo e sai
governo, a situação das mulheres alagoanas é sempre a mesma: delegacias de
mulheres mal estruturadas, que não funcionam nos fins de semana e nem nos
feriados. As mulheres agredidas neste fim de semana em Alagoas não puderam
contar com delegacias devidamente preparadas para recebê-las.
Não é novidade para ninguém que
Alagoas é estado mais violento do país, porém não é somente nisso em que
batemos todos os recordes. Somos os recordistas em violência machista, nosso estado
é o segundo no ranking com os maiores índices de violência contra as mulheres,
e vários municípios alagoanos também estão neste mesmo ranking; entre esses
municípios destaca-se Arapiraca, com altos índices de violência doméstica.
Nossos governos coadunam com a
violência machista em Alagoas na medida em que não viabilizam formas das
mulheres se desenvolverem enquanto sujeitos, de ganharem cada vez mais independência
de seus parceiros. Podemos citar como exemplo a criação de creches para as
crianças, para que a mulheres alagoanas possam ter onde deixar seus filhos para
trabalhar. Alagoas amarga índices alarmantes no que diz respeito à educação
infantil, uma boa parcela das crianças até os cinco anos de idade estão fora
das creches. Sem creches, as mulheres não têm com quem deixar seus filhos e
encontram imensas dificuldades para trabalhar e estudar, ficando ainda mais
restritas aos espaços domésticos.
No que diz respeito à violência
contra as mulheres, além de não termos delegacias preparadas e em pleno
funcionamento, ou seja, também nos fins de semana e feriados, não temos casas
abrigo que possam receber essas mulheres. Alagoas apresenta apenas uma casa
abrigo para todo estado, com apenas 20 vagas! Ou seja, o estado mais violento
do país e um dos mais violentos contra as mulheres mantém em funcionamento
apenas uma casa abrigo para comportar toda a demanda do estado, e com apenas 20
vagas! Dessa maneira, fica impossível um combate efetivo contra a violência
machista, e para as mulheres alagoanas restam apenas o descaso, o abandono, e a
falta de compromisso.
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