segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A Violência machista contra a mulher em Alagoas: até quando?

Luciane Araújo

             O final de semana, considerado um período de descanso e divertimento, foi, para muitas mulheres alagoanas, marcado pela violência doméstica (http://glo.bo/1q2DiWe). Foram registradas, na capital e no interior, diversas denúncias de agressões físicas e verbais, além de ameaças.
 
                Em Alagoas, esse triste quadro é absolutamente naturalizado pelos nossos governantes. Entra governo e sai governo, a situação das mulheres alagoanas é sempre a mesma: delegacias de mulheres mal estruturadas, que não funcionam nos fins de semana e nem nos feriados. As mulheres agredidas neste fim de semana em Alagoas não puderam contar com delegacias devidamente preparadas para recebê-las.
                Não é novidade para ninguém que Alagoas é estado mais violento do país, porém não é somente nisso em que batemos todos os recordes. Somos os recordistas em violência machista, nosso estado é o segundo no ranking com os maiores índices de violência contra as mulheres, e vários municípios alagoanos também estão neste mesmo ranking; entre esses municípios destaca-se Arapiraca, com altos índices de violência doméstica.
                Nossos governos coadunam com a violência machista em Alagoas na medida em que não viabilizam formas das mulheres se desenvolverem enquanto sujeitos, de ganharem cada vez mais independência de seus parceiros. Podemos citar como exemplo a criação de creches para as crianças, para que a mulheres alagoanas possam ter onde deixar seus filhos para trabalhar. Alagoas amarga índices alarmantes no que diz respeito à educação infantil, uma boa parcela das crianças até os cinco anos de idade estão fora das creches. Sem creches, as mulheres não têm com quem deixar seus filhos e encontram imensas dificuldades para trabalhar e estudar, ficando ainda mais restritas aos espaços domésticos.
                No que diz respeito à violência contra as mulheres, além de não termos delegacias preparadas e em pleno funcionamento, ou seja, também nos fins de semana e feriados, não temos casas abrigo que possam receber essas mulheres. Alagoas apresenta apenas uma casa abrigo para todo estado, com apenas 20 vagas! Ou seja, o estado mais violento do país e um dos mais violentos contra as mulheres mantém em funcionamento apenas uma casa abrigo para comportar toda a demanda do estado, e com apenas 20 vagas! Dessa maneira, fica impossível um combate efetivo contra a violência machista, e para as mulheres alagoanas restam apenas o descaso, o abandono, e a falta de compromisso.

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